As
mudanças no ciclo natural de congelamento e degelo são decorrência do aumento da temperatura
média em todas as estações. O capítulo sobre o Ártico contém
indicações que podem levar a um prognóstico preocupante: até 2040, a camada
congelada na superfície do Oceano Ártico deve desaparecer totalmente durante a
primavera e o verão. O aquecimento global afeta mais o Ártico do que o restante
do planeta. O efeito é multiplicador. À medida que se torna mais quente, maior
é a quantidade de metano que libera.
O rascunho do relatório do IPCC avalia em 95% a probabilidade de o homem ser o principal culpado pela mudança climática. O aquecimento no Ártico não é um fato novo. Sabe-se que há aumento gradual da temperatura ao menos desde 1880. De lá para cá, subiu 2,8 graus. A hipótese provável é que o aumento na emissão de gases do efeito estufa, devido à atividade humana, como a agricultura e a indústria, seja responsável pelo aquecimento global. A influência da humanidade na temperatura global é um fato novo. Períodos mais quentes e outros mais frios fazem parte dos ciclos naturais do planeta e se sucedem em escala geológica. No momento, sentimos os últimos resquícios de uma era do Gelo. Nos últimos 10 mil anos, o aquecimento natural permitiu o desenvolvimento da agricultura e a expansão da humanidade.
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A
rapidez do aquecimento não dá tempo para que os animais do Ártico se adaptem.
No próximo meio século se expandirá a fronteira conhecida como "linha da
árvore". Ela divide o Ártico em duas partes: a com e a sem árvores. Com o
deslocamento da "linha", parte da tundra deve se transformar em
florestas boreais e os desertos gelados podem virar tundra. Muitas espécies,
como a Raposado-Ártico,
podem estar condenadas.
Afirma
o geólogo e glaciologista Jefferson Simões, um dos revisores do
estudo do IPCC: "Essas alterações afetarão a teia alimentar mundial e
também, diretamente, os quatro milhões de pessoas que moram no extremo norte. O
derretimento
da calota polar provocará a elevação do nível do mar".
Podem ser necessários enormes investimentos para conter a incidência de
enchentes em cidades litorâneas.
A presença do dedo humano nas mudanças
climáticas é, de qualquer forma, difícil de negar. Nos últimos 10 mil anos, a
temperatura média subiu 5 graus. Antes da revolução Industrial, a vilã era a agricultura — o
desmatamento aumenta a emissão de CO2, o principal gás do
efeito estufa. Após a revolução Industrial, a concentração de CO2 na atmosfera
deu um salto de 30%. A profilaxia para diminuir o ritmo do aquecimento do
Ártico é conhecida: reduzir a emissão de gases do efeito estufa, principalmente
o CO2. Isso se faz com o uso de combustíveis renováveis, com reflorestamento e
com a adoção de práticas verdes, como a reciclagem do lixo.
A dúvida em relação ao Ártico é a mesma existente a respeito do aquecimento global: a Terra não se adaptará sozinha às mudanças climáticas? Seja qual for a resposta, atitudes verdes resultam em benefícios para as pessoas e para o ambiente. Um exemplo: como consequência do esforço para conter o aquecimento global, o desmatamento caiu 20% desde 1990 em todo o mundo. É como se a terra estivesse com câncer, sem se saber se é maligno ou benigno. Por via das dúvidas, recomenda-se quimioterapia. Se for maligno, o mal foi eliminado. Se for benigno, não se correu o risco.
A dúvida em relação ao Ártico é a mesma existente a respeito do aquecimento global: a Terra não se adaptará sozinha às mudanças climáticas? Seja qual for a resposta, atitudes verdes resultam em benefícios para as pessoas e para o ambiente. Um exemplo: como consequência do esforço para conter o aquecimento global, o desmatamento caiu 20% desde 1990 em todo o mundo. É como se a terra estivesse com câncer, sem se saber se é maligno ou benigno. Por via das dúvidas, recomenda-se quimioterapia. Se for maligno, o mal foi eliminado. Se for benigno, não se correu o risco.
Reportagem retirada da
Revista Veja – edição 2338 – ano 46 –n°37
11 de setembro de 2013
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